Ó mente cruel! Que tipo de Vaishnava você pensa que é? O seu pretencioso teatro de cantar os santos nomes do Senhor Hari em um lugar solitário é somente para o propósito de atingir o falso prestígio de uma reputação mundana. Isso nada mais é do que pura hipocrisia.
Tal prestígio materialista é tão repugnante quanto o excremento de um cachorro. Você não sabe que isso é tão só uma mera ilusão lançada pela potência de Maya? Qual é o valor de contemplar dia e noite seus planos para desfrutar de riquezas e mulheres? Todas essas coisas são temporárias.
Quando você clama a riqueza como sendo sua, você cria em si mesmo desejos infindáveis de desfrute material. As suas riquezas devem ser usadas para servir Madhava, o senhor de toda riqueza. Tampouco é a posição apropriada para você se ocupar em luxúria por mulheres, cujo único proprietário é o Senhor Yadava.
O demônio Ravana, a luxúria encarnada, lutou contra o Senhor Ramachandara, o amor encarnado, para que pudesse conquistar a árvore da reputação mundana: mas tal oásis se revelou uma miragem projetada na paisagem desolada do deserto pela potência material ilusória do Senhor. Por favor cultive uma determinação fixa de alcançar somente a plataforma firme e sólida sob a qual permanece um Vaisnava. Se você negligenciar a adoração ao Senhor desta posição, então seu fim será alcançar uma existência infernal.
Por que você sofre sem necessidade o tormento de blasfemar os devotos do Senhor Hari, tentando atingir a mesma eminência, e deste modo tão só comprovando a sua própria tolice infrutífera? O desejo por eminência espiritual é facilmente satisfeito quando alguém se torna um devoto do Senhor, pois a fama eterna automaticamente segue os passos de um Vaisnava. E tal fama nunca será considerada uma opulência mundana temporária.
O relacionamento entre um devoto e o Senhor Hari é isento de sequer um vestígio de ilusão material; ele não tem nada a ver com a propensão materialista de trapaçear. O prestígio e a suposta popularidade no mundo material podem ser comparados a uma bruxa traiçoeira comedora de cachorros, e a tentativa de viver em solidão para supostamente se ocupar em bhajana incessante pode ser comparada a uma rede feita de um emaranhado de distrações. Por favor fique sabendo que quem quer que esteja empenhado em qualquer um destes caminhos na verdade está vivendo no inferno da ilusão de Maya.
“Eu vou desistir do canto congregacional dos nomes do Senhor em kirtan e me retirar para a solidão, e assim serei untado com glórias mundanas.” Querida mente, qual é o bem de buscar essa suposta glória? Eu sempre irei lembrá-la de que a grande alma de Madhavendra Puri nunca enganou a si mesma a esse respeito, nem furtou o armazém de sua própria percepção, tal como você está fazendo.
A sua reputação barata é igual à do excremento de um porco. Um homem comum e ambicioso tal como você nunca pode ser igualado a um devoto da eminência de Madhavendra Puri. Sob o jugo da inveja, você se afogou nas águas imundas do desfrute material após ter abandonado a excelentíssima perfeição do kirtan congregacional.
Em verdade, ó mente cruel, as glórias da suposta adoração em um local solitário são propagadas apenas por falsos yogis que usam de meios inescrupulosos para enganar aos outros. Para se salvar destas armadilhas, por favor contemple as instruções que o Supremo Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu gentilmente nos deu ao se dirigir a Srila Sanatana Goswami com o máximo cuidado.
Não se esqueça por um momento dos dois mais valiosos conceitos que Ele ensinou: o princípio da renúncia árida e aparente é oposto à renúncia real e apropriada; e o princípio da alma estar presa nas amarras da matéria é oposto à alma, que é liberada. Nunca cometa o erro de pensar que esses dois conceitos conflitantes estão no mesmo nível. Por favor sempre se lembre disso enquanto se ocupa no cantar dos santos nomes do Senhor o tão alto quanto você for capaz.
Um verdadeiro Vaisnava é quem abandonou o hábito de sucumbir vítima das ferozes tigresas da riqueza, da beleza e da fama. Tal alma está de fato desapegada da vida material, e é conhecida como um devoto puro. Alguém com essa consciência de desapego, portanto, atingiu a vitória sobre o mundano mundo de nascimentos e mortes.
Está de fato desapegado quem toma parte das coisas mundanas que são consideradas necessárias para se viver em serviço devocional com moderação; um devoto agindo desta maneira não cai vítima da doença da paixão material. Assim isento de apego egoísta, e emponderado com a habilidade de ver as coisas em relação com o Senhor, todos os objetos dos sentidos são percebidos como sendo diretamente o próprio Senhor Madhava.
Esse é o padrão da renúncia apropriada, e quem atinge essa realização é certamente o mais bem-afortunado. Tudo que está envolvido na vida de tal devoto representa a opulência espiritual e pessoal do Senhor Hari manifesta no mundo material. Por outro lado, quem se ocupa em cantar os nomes do Senhor com esperanças de aumentar sua própria reputação material descobre que todas as suas atividades e parafernália representam apenas a riqueza da hipocrisia.
Ó mente, por favor rejeite a companhia de dois tipos de pessoas: aqueles desejando liberação impessoal do mundo material, e aqueles que desejam desfrutar do prazer dos objetos dos sentidos materiais. Ambos são igualmente não-devotos. As coisas que são usadas em relação ao Senhor Krishna são objetos que pertencem diretamente ao reino transcendental, e portanto, por nada terem a ver com a matéria, não podem ser seja possuídas seja abandonadas por pessoas interessadas em desfrute mundano ou em renúncia.
Um filósofo impersonalista se opõe a pensar em Krishna como objeto de devoção, e assim pomposo com seu falso prestígio de uma liberação imaginária, ele ousa criticar os verdadeiros devotos do Senhor. Ó mente, você é a serva dos Vaisnavas, você sempre deve ter esperanças de atingir a devoção. Então por que você provoca tal barulhenta comoção ao me chamar e tentar provar para mim a suposta supremacia de sua prática de adoração solitária?
Quem falsamente abandona as coisas que verdadeiramente poderiam ser utilizadas a serviço do Senhor chama a si mesmo com orgulho de “renunciado”, mas infelizmente nunca poderá se tornar um Vaisnava através dessa atitude. Abandonando a sua servidão aos pés de lótus do Senhor Hari, e entregando-se à sua casa solitária: o que quer que se ganhe através desse exercício só pode ser um tesouro de decepções sem valor.
Sempre se mantenha ocupado no serviço a Sri Radha, e se mantenha distante da viciante cobra materialista da gratificação dos sentidos. As glórias de se participar no kirtan do Senhor não são para dar apoio às ambições que qualquer um possa ter por reconhecimento pessoal. Ó mente, então por que você abandonou a identidade de servo eterno de Radha em troca de se retirar a um lugar solitário para praticar o processo de auto-engano, um suposto bhajan?
Os tesouros mais valiosos entre os pregadores do Senhor são as personalidades eternas que residem em Vraja-dham. Elas nunca se ocupam em mendigar pela inútil reputação material, que só é cobiçada pelos mortos vivos. Os Vraja-vasis estão verdadeiramente repletos de vida, e portanto eles pregam para que possam dar vida aos cadáveres ambulantes do mundo material. Todas as canções que os Vraja-vasis cantam sobre as glórias do Senhor Krishna são isentas de qualquer vestígio de desejo de fama.
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, servo de Radha e de seu amado Krishna, sempre espera pelo kirtan, e implora a todos que cantem alto os nomes do Senhor Hari. O poder transcendental do canto congregacional automaticamente desperta a lembrança do Senhor e de Seus passatempos divinos com relação à própria forma espiritual e eterna de quem os canta. Somente nesse momento se torna possível se retirar para um lugar solitário e se ocupar na adoração confidencial às Suas Onipotências.
Dusta Mana Tumi Kiser Vaishnava
Canção da autoria de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada
Escute a canção na voz de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada: https://goo.gl/7Bp82E
E na voz de Jai Sachinandana Prabhu: https://goo.gl/eXF8RG ou https://www.youtube.com/watch?v=M0u4h-aEgeQ